Primeiro espaço para a prática de judô no Brasil também passará por completo restauro arquitetônico em seu estado original.
O prefeito de Suzano, Rodrigo Ashiuchi, oficializou durante a noite do dia 28 de julho, o tombamento da Academia de Judô Terazaki, localizada na rua Tokuzo Terazaki, 25, no bairro Vila Urupês. A partir desta ação, a Prefeitura de Suzano irá promover a restauração do prédio em seu estado original e a previsão é que o espaço possa estar pronto em abril do ano que vem, na comemoração dos 74 anos de emancipação político-administrativa da cidade. Além da prática de judô, quando estiver revitalizado, o edifício também terá um espaço dedicado à memória de Suzano, além de atividades culturais e esportivas que serão oferecidas à população.
Este é o primeiro local a ser protegido por meio deste mecanismo em Suzano. Com esta ação, o imóvel, que possui 783,75 metros quadrados de área construída em 1.161,44 metros quadrados de terreno, passará a ter preservadas suas características originais, tanto do formato arquitetônico quanto cultural, por meio do decreto municipal. O espaço teve as obras iniciadas em 1934, com a conclusão em 1952.
A sugestão de tombamento foi aprovada de forma unânime pelo Conselho Municipal de Patrimônio Cultural de Suzano (Compac), órgão da Secretaria Municipal de Cultura, por meio de uma solicitação da arquiteta Beatriz Gouvêa Burgo, no dia 7 de junho, visando o estudo de tombamento da Academia de Judô Terazaki.
Atmosfera da academia
Os participantes da oficialização do tombamento da Academia de Judô Terazaki puderam sentir a atmosfera de um espaço com 70 anos de história, que praticamente se confunde com a história de Suzano, apenas três anos mais velha como município emancipado e com histórico centenário de imigração nipônica. As esculturas dos leões, postadas em cada canto do edifício, na parte superior, que possuem o significado de guardiões nos estabelecimentos japoneses, eram constantemente admiradas, assim como os detalhes dos azulejos portugueses que circundam o prédio sobre o tatame de tábuas de madeiras.
Somando-se a isso, ainda era possível perceber o piso de caquinhos portugueses na entrada do edifício e o piso vermelhão clássico do interior paulista, o que denota a construção feita com elementos e ideias de três continentes diferentes, mas o que causou mais impacto foram as dezenas de troféus à vista dos convidados e o altar da academia, com a foto de Tokuzo Terazaki e demais alunos e mestres que desfilaram a arte do judô durante esses 70 anos de funcionamento.
A partir deste tombamento, o desafio agora será devolver ao primeiro espaço para a prática de judô no Brasil à sua glória original, para tanto, um estudo feito para levantar o investimento para promover as ações necessárias que preservaram as características do prédio estimou um orçamento em R$ 767.323,76.
A captação desse volume poderá ocorrer por meio de emendas parlamentares, doação direta de pessoas ou empresas e leis de incentivo. A primeira doação para o pontapé das obras foi feita pela empresa Komatsu do Brasil, por meio do seu presidente Norikazu Nakagawa.
Noite histórica
No momento em que foi chamado para fazer o uso da palavra, o prefeito Rodrigo Ashiuchi destacou a importância da noite do dia 28 de julho de 2022. “Esta é uma noite histórica para Suzano e quero agradecer a todos que trabalharam para que pudéssemos chegar até aqui. Todos sabem da história do Terezaki e tão importante quanto as obras novas é poder resgatar nosso passado e, quis o destino que no ano do centenário da imigração japonesa em Suzano somado aos 50 anos de irmandade com a cidade de Komatsu, esse tombamento estivesse ligado à cultura japonesa. Nossa ideia é que o restauro seja finalizado em abril do ano que vem, para o aniversário da cidade”, afirmou o prefeito.
Momentos depois, o prefeito revelou que a Komatsu se credenciou como a primeira empresa a patrocinar o restauro. “Apresentei o projeto para o presidente Nakagawa e eu fiquei muito feliz porque a Komatsu será a primeira patrocinadora deste restauro”.
O presidente da empresa, com apoio de tradutora, também fez uso da palavra e enalteceu essa parceria. “Fiquei animado e estamos muito honrados em apoiar essa restauração e quero parabenizar a todos os envolvidos no projeto”, disse Norikazu Nakagawa, que visitava o local pela primeira vez.
Também chamada ao palco, a arquiteta que sugeriu o tombamento discursou sobre o projeto. “Eu descobri por meio de pesquisas que aqui foi a primeira academia de judô do Brasil e me espantei, mas frequentando este local percebi o carinho que as pessoas têm por este espaço. Comecei a articular com o prefeito Rodrigo (Ashiuchi), que sempre me recebeu muito bem, e hoje é um dia de comemoração para todos nós".
Por fim, o secretário municipal de Cultura, o vice-prefeito Walmir Pinto, também comemorou a iniciativa. “É de suma importância que a gente possa preservar a nossa história. Todos que estamos aqui hoje vamos passar um dia, mas a história vai ficar e que tudo de bom permaneça, e este prédio, com tudo o que ele representa, extrapola a cidade de Suzano e do Estado de São Paulo e do Brasil. Só tenho que me orgulhar de tudo isso”, finalizou.
Presença
Também estiveram presentes na solenidade a primeira-dama Larissa Ashiuchi; os secretários municipais de Planejamento Urbano, Elvis Pereira; de Governo, Alex Santos; de Finanças, Itamar Viana; de Saúde, Pedro Ishi; de Manutenção e Serviços Urbanos, Samuel Oliveira; e de Meio Ambiente, André Chiang; os vereadores Jaime Siunte e Arthur Takayama; e servidores da prefeitura, como a diretora do Patrimônio Histórico de Suzano, Rita Paiva, e os diretores de Cultura José Spitti e Amaury Rodrigues.
Também prestigiaram a solenidade os familiares de Tokuzo Terazaki, Maria (filha), Ricardo e Ana Lúcia (netos) e Cintia, Leonardo e Richard (bisnetos) Terazaki; o presidente da Comissão do Centenário da Imigração Japonesa em Suzano, Minoru Harada; e o vice-presidente da mesma comissão, Reinaldo Katsumata, que também é presidente do Bunkyo de Suzano. De representantes da Komatsu do Brasil, além do presidente, estavam Eiji Matsui, Bruna Shinowara, Bianca Viana e Jorge Hosokaws.
A presidente da Associação da Família Rotaryanos de Suzano, Tiyoko Lu; o presidente do Rotary Club Satélite Baruel; Jefferson Fernando da Silva; a presidente do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural (Compac) de Mogi das Cruzes, Ana Sandim; a presidente da presidente do Conselho Municipal de Cultura de Suzano, Márcia Belarmino; o presidente do Conselho Municipal de Desportos, José Serafim Júnior; o presidente da Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Suzano (AEAAS), Eduardo Habu; a integrante do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Suzano, Marcilene Iervolino; o delegado-adjunto da 10ª Delegacia da Federação Paulista de Judô, Leonardo Yamada; o veterano de faixa-preta 4º Grau, Agnaldo Brecco; o responsável técnico da academia Terazaki, Flávio Chapela; o especialista da construtora Patriani, Guilherme Salgado; o presidente da Loja Maçônica 31 de Março, Adyr Ghiorzi Brandão; o presidente do 2º Conselho Tutelar de Suzano, Wellington Vinícius Costa; e o advogado Renato Ferraris, também marcaram presença.
Academia é pioneira no Brasil
A Terazaki foi a primeira academia de judô instalada no Brasil após seu idealizador, Tokuzo Terazaki, imigrar do Japão, em 1929, com destino à capital do Pará, Belém, porém, em 1933, Terazaki chega a Suzano após convite de Katsutoshi Naito, também praticante de judô e que conheceu na Academia Kodokan em Tóquio.
Em 1957, a Academia Terazaki recebe o primeiro campeonato de judô da América Latina, se tornando o grande palco da modalidade no continente. Para além da academia, Tokuzo Terazaki ainda foi vice-presidente da Associação de Faixas Pretas no Brasil, organizou a Federação Nacional de Judô e introduziu a modalidade no Exército e Polícia Militar.
Terazaki faleceu em 1975 em razão de complicações decorrentes de uma gastrite.
Crédito das fotos: Wanderley Costa/Secop Suzano
Comments